Como a Terapia Pode Ajudar Sua Família: As Dores do Crescimento

Na primeira parte sobre “Como a Terapia Pode Ajudar Sua Família: Vivendo com Adolescentes”, nós falamos sobre algumas formas de lidar com o caos chamado adolescência, a convivência com eles e como a terapia em família pode ajudar a devolver a paz para sua casa. 

Neste texto, vamos falar sobre como a dor do divórcio, da perda de uma criança e a infertilidade podem rasgar a colcha chamada família e como essas famílias podem costurar esses pedaços de volta. 

A terapia familiar pode ajudar com essas dificuldades porque existe um poder em possuir uma narrativa familiar forte e duradoura. Falar sobre essas histórias pode ajudar a reparar pensamentos negativos, restaurar sentimentos e criar uma narrativa familiar tão poderosa e bonita como a sua. 

Divórcio, Infertilidade e Outras Perdas 

Como muitos sabem, divórcio é algo muito comum. Para ser mais precisa, cerca de 50% dos casamentos vão acabar em divórcio nos Estados Unidos. As chances só aumentam quando a pessoa se casa novamente. Embora essas estatísticas pareçam desanimadoras para muitos de nós, a verdade é que relacionamentos são difíceis e complexos. Eles não chegam nem perto do conto de fadas que aprendemos nos livros infantis. O mesmo pode ser dito sobre um problema enfrentado por muitos casais: a infertilidade. Cerca de 20% dos casaistêm dificuldade para engravidar, de acordo com o CDC. E ainda, 1 em cada 4 mulheres vão passar pela experiência de ter um aborto espontâneo.  

Você deve estar se perguntando, por que esses números importam? Os números contam uma história, assim como seus pensamentos, sentimentos e experiências criam uma narrativa. Nós precisamos ter todas as evidências sobre a mesa quando trabalhamos para nos recuperar de perdas como em um divórcio, infertilidade ou quando perdemos um bebê. O que essas coisas têm em comum é o que o sentimento de perda – que pode ser a perda da esperança de aumentar a família, da identidade como mãe ou esposa, ou a perda da capacidade de vislumbrar o futuro - e tudo isso importa quando falamos sobre saúde mental. 

A perda é algo complicado e invasivo e nem sempre faz sentido. Eu aposto que você com frequência sente que você é a única pessoa que está se afogando nela, esperando que isso passe. Ou você se sente sozinho em sua busca em encontrar a dor, querendo sentir a magnitude do que você perdeu.  

Na terapia, há espaço para essas histórias de perda. Elas são importantes para processar a perda para que a família não tenha que engolir essa dor sozinha. O que eu quero dizer com isso é que, quando você puxa para baixo seus sentimentos ou os coloca de lado dizendo: “Eu vou lidar com essas emoções quando eu tiver tempo” ou “Tudo acontece por uma razão” – você está escolhendo evitar em vez de enfrentar o problema. Quando você fala sobre a sua dor ou conta histórias que machucam em um espaço seguro, você liberta o poder que esses sentimentos têm sobre você. Famílias que passam por traumas como divórcio, perda de um filho e infertilidade merecem saber como é reparar e curar essas perdas significativas em qualquer forma que elas se mostram. Esse processo é necessário para dar as boas-vindas à alegria que vem depois do luto. 

Dores do Crescimento/Famílias Mistas 

Se você passou recentemente por um divórcio doloroso ou se encontrou alguém que você decidiu dividir a vida e isso envolve crianças de relacionamentos anteriores, existe um processo natural de transição chamado de “dores do crescimento”.

Essas dores do crescimento (growing pains) são dores que sentimos quando crianças quando nossos ossos e músculos estão se desenvolvendo tão rapidamente, que nós sentimos uma dor física. Essas dores são ruins, mas são necessárias e nos ajudam a crescer mais fortes e capazes de enfrentar os desafios da vida adulta. 

É comum que crianças e adolescentes tenham diversas preocupações quando um padrasto ou madrasta chegam em suas vidas. 

- Eles vão tomar toda a atenção dos meus pais e eles não vão mais prestar atenção em mim?

- Eles vão tentar mudar tudo que eu estou acostumado a fazer?

- Eles vão me fazer escolher entre meu pai/mãe e meu padrasto/madrasta?

- Eles vão me tratar bem?

- Quais as vantagens posso ter nesta relação?

Crianças e adolescentes vão usar diversos mecanismos para tentar proteger a eles mesmos do novo membro da família. Eles vão procurar por sinais de alerta, testar a autoridade e tentar manipular situações para levar vantagem. Isso pode criar uma rusga na relação com o padrasto/madrasta e, além disso, colocar o pai/mãe no meio dessa relação, tendo que defender seu novo parceiro e também seu filho. 

A integração de famílias mistas demanda amor, compaixão e, muita, muita paciência. Independentemente se seu parceiro tenha adolescentes, crianças pequenas ou jovens adultos, um novo membro na família demanda um ajuste de todas as partes. Como parceiro, você está dividindo seu tempo para equilibrar novas responsabilidades e cuidados. Como pai, você está gerenciando os sentimentos do seu filho e as expectativas da dinâmica familiar. Simplificando, a composição das famílias é vasta, rica e inegavelmente única em todas as situações. 

A terapia pode ajudar as famílias mistas a:

1. Processar e entender sentimentos de raiva, ressentimento e outras questões relativas à entrada de pessoas novas na família;

2. Criar um espaço para as famílias se comunicarem;

3. Enfatizar o que a outra pessoa vai acrescentar à família já existente;

4. Despertar um sentimento de união entre si para dar boas-vindas ao novo integrante da família. 

Transformação da dor em alegria: adoção 

Já falamos sobre como lidar com as perdas, agora vamos falar sobre a alegria de mudar. Aceitar um novo amor em sua vida pode fazer com que você se sinta desconfortável, especialmente no caso de adoção. Embora exista a emoção de finalmente ter um filho, você também está mudando a dinâmica familiar. Mesmo antes disso, o processo de adoção pode ser longo e complicado. Você quer apenas colocar mais amor no mundo ao adotar uma criança, mas a espera é muitas vezes frustrante. 

A terapia pode ajudar os pais a:

1.    Processar experiências do passado com infertilidade e perda de um bebê;

2.    Melhorar os padrões de comunicação dos novos pais;

3.    Estabelecer expectativas e dar orientações sobre responsabilidades;

4.    Processar sentimentos de medo, incerteza e ansiedade;

5.    Normalizar como as mudanças podem ser assustadoras e maravilhosas. 

Se você ou alguém que você conheça está passando por dificuldades devido às transições familiares, perdas ou mudanças na dinâmica da família, saiba mais sobre como as sessões de terapia individuais ou em família podem ajudar. Clique aqui https://www.havenfamilytherapy.com/therapy-in-portuguese.